Diversos projetos marcaram a carreira do Luan. Entre turnês, músicas e gravações de DVDs, outros trabalhos elevaram o patamar e o colocaram em um lugar de referência, como os clipes, por exemplo.
Há 11 anos, quando ninguém esperava e o “Quando Chega a Noite” dava seus primeiros passos, com apenas quatro meses de lançamento, uma música rapidamente se destacou e, para ser trabalhada com tudo que havia direito, ganhou um ganhar um clipe. Ele veio.
No dia 29 de julho de 2012, em rede nacional, através do programa dominical “Fantástico”, Luan lançava o clipe da icônica “Te Vivo”, mostrando que nunca esteve brincando quando dizia que, a cada novo trabalho, sua missão era de se superar. Bom, caracterizado de “velhinho” e ao lado da atriz Laura Kuczynski, seu par romântico na triste história, ele conseguiu.
Na época, o videoclipe bateu, em menos de 24 horas, mais de 1 milhão de visualizações. Hoje, esse número já ultrapassa a casa dos 133 milhões.
Quase 1 ano depois, em junho de 2013, mais uma canção, dessa vez, lançada em formato de ‘single’, ganhava um clipe tão cinematográfico quanto o anterior, arrancando suspiros e mostrando um Luan “anjo”. Ao lado da atriz Giovanna Lancellotti, foi contada uma história emocionante e bem romântica. O lançamento aconteceu, em primeira mão, no site do Faustão e, em seguida, no site oficial do cantor.
Até hoje, o vídeo ainda é usado como referência para outros projetos e, 10 anos depois, o clipe ostenta mais de 175 milhões de visualizações.
Mas, afinal, o que os dois videoclipes têm em comum? Além da entrega, super produção e trabalho impecável, a direção era a mesma: Alex Batista, a mente criativa por trás das duas histórias. Em conversa com a nossa equipe para o News Entrevista, o diretor e roteirista contou detalhes de como surgiram as duas ideias, recordou como foram os bastidores da gravação e assumiu que, em ambos os casos, manter o sigilo foi uma verdadeira “operação de guerra”.
Ficamos imensamente honradas e gratas pela sua disponibilidade, Alex. Mais uma vez, parabéns pelos dois trabalhos. Eles, de fato, marcaram a história e carreira do Luan.
Vem descobrir e conhecer um pouco mais dos bastidores desses dois hits!
1. Como você começou nessa carreira?
Comecei ajudando meu pai, ele era cinegrafista de eventos sociais. Mas logo percebi que amava filmar e editar. Então, com apenas 18 anos, entrei na Rede Globo da minha cidade, que é Sorocaba, onde trabalhei por quase 10 anos. Depois não parei mais. Hoje tenho minha produtora, a FxRender, desde 2010.
2. Como surgiu a oportunidade de trabalhar com o Luan?
Fui convidado para dirigir o primeiro clipe da dupla Fernando e Sorocaba, da música “É tenso” e me dei super bem com os dois Fernandos. Então, o Sorocaba me ligou um dia e disse pra eu atender um número de Londrina, que era o Luan para falar do primeiro clipe dele. Cinco minutos depois, o Luan me liga e, no outro dia, estava eu na casa dele, em Londrina. Ele pegou o violão, tocou “Te vivo” e pergunto: “E aí, tem algua ideia???”. É muito louco isso, mas foi o que realmente aconteceu. Daí, começamos a falar diariamente até chegar na ideia final. E a parceria também se repetiu no clipe de “Te esperando” que ganhou o prêmio Multishow em 2014. Tenho muito orgulho disso tudo.
Algumas perguntas sobre “Te Vivo”:
3. O processo de caracterização do artista foi muito comentado e algo inédito em nosso país, como foi a ideia e qual foi o processo?
O Luan sempre me dizia que queria algo cinematográfico nesse clipe. Algo muito especial mesmo. Então, nossa inspiração sempre foi Hollywood. Estava eu, um dia na estrada, dirigindo entre São Paulo e Sorocaba de madrugada, quando dei um grito: “E se deixar o Luan velho?” Foi aí que liguei pra ele e contei da ideia. Nossa, ele amou a ideia e o roteiro surgiu em poucos dias. Foi mágico.
4. Como foi a escolha do roteiro e elenco para que ele fizesse sentido com a música?
Escrevemos esse roteiro junto. Eu escrevia, enviava pra ele, e, então, ele me mandava mais ideias. E assim foram madrugadas e mais madrugadas… A atriz, a querida Laura, foi um garimpo que fizemos entre muitos testes de várias agências de atores. Ela foi perfeita no teste e o visual dela era perfeito para o papel. Lembro que, ao final da seleção, eu perguntei se era isso mesmo que ela queria… Sair do anonimato e bombar em poucos dias. E ela, sorrindo, me disse que era tudo que queria. Durante a gravação, o clima foi super divertido e deu tudo certo.
5. Qual cena foi a mais difícil de gravar?
O clipe todo foi um grande desafio. Fechar a agenda do Luan e trazer ele para Sorocaba já foi bem complicado. Mas como o clipe iria ser lançado no Fantástico, nenhuma imagem dele caracterizado poderia vazar. Foi uma operação de guerra para ninguém tirar foto e isso foi uma das coisas mais difíceis da minha vida. Tivemos que fechar, com pano, um jardim enorme para ninguém do condomínio ver. Foi uma loucura.
6. Como diretor de um projeto grandioso e trabalhoso, qual foi o sentimento de ter visto que foi o primeiro clipe brasileiro a bater 1m de visualizações em 24h?
No primeiro dia de gravação, estávamos prontos para rodar o primeiro take. A repórter do Fantástico pediu para gravar a chamada antes. Foi aí que caiu a ficha. Eu pensei: “Nossa, ela tá falando da estreia dia tal do clipe para todo o Brasil e nem começamos a gravar ainda… Uaaau!”. Mas respirei fundo e, com o apoio de toda minha equipe, que são feras demais, e de toda a equipe do Luan, deu tudo certo e é um dos clipe mais lindos produzidos no Brasil. Virou uma referência para a minha carreira e sempre falam: “Nossa Alex, você me fez chorar muito naquela época”. Eu fico super feliz e tenho muita gratidão ao Sorocaba e ao Luan por terem me dado essa oportunidade.
Algumas perguntas sobre “Te Esperando”:
7. De onde surgiu a ideia do artista ser um anjo no clipe?
Eu queria sair do lugar comum. Primeiro, veio a cobrança (por minha própria conta) depois do sucesso de “Te vivo”. Então, pensei que deveria ser em preto e branco. E o cinema como inspiração continuou. Um filme que gosto muito é o “Cidade dos Anjos” daí, pensei em fazer a adaptação para a realidade brasileira.
8. Como foi a escolha da atriz Giovanna Lancellotti para o papel de protagonista? Existiu uma seleção ou foi de primeira?
Como no primeiro clipe não usamos uma atriz famosa, veio esse desejo para o segundo. A querida Giovanna foi uma das primeiras pessoas que pensamos. E, já no primeiro contato, bingo! Ela aceitou e as agendas bateram, foi algo como deveria ser mesmo.
9. Qual cena foi a mais difícil de gravar?
As cenas externas são as mais complicadas, pois usamos ruas e lojas. Embora houvesse um esquema de segurança, em segundos a notícia se espalha e algumas pessoas se transformam em uma multidão. Além disso, a cena final, onde ele se joga do topo do edifício, também foi complicada. Pessoalmente, eu prefiro efeitos visuais reais, foi por isso que as asas são realmente de pena. Mas não podemos jogar o Luan do prédio, né?! Então, fizemos tudo no mesmo lugar e com a mesma luz para, depois, fazer a composição em computação gráfica.
E o mastershot dele cantando foi difícil pra ele, que ficou pendurado por cabos de aço por horas e horas. Uma curiosidade: tudo foi filmado em 4K (já naquela época) e os arquivos eram super pesados. O projeto foi enviado para uma “Render farm” na Ásia para fazer o processamento.
Perguntas gerais:
10. Como a música influenciou na estética visual dos clipes?
Acredito que a imagem é coadjuvante. Serve apenas para ilustrar, de alguma maneira, o que a música diz. Eu sempre acho melhor lançar a música com o clipe. Senão, as pessoas já imaginam seu próprio clipe e quando o clipe vem, nunca é exatamente o que aquela pessoa pensou. Portanto, a música está em primeiro lugar. Sempre.
11. Vendo os trabalhos prontos, é possível imaginar a grande demanda de tempo que é preciso dedicar antes, durante e depois das gravações. Para você, qual foi o processo mais trabalhoso em ambos os clipes?
Acho que poucas pessoas param para pensar nisso… E o que quase ninguém imagina é como funciona para alinhar as expectativas do artista, do empresário, da gravadora e do diretor. Sendo que todos pensam, em primeiro lugar, nos fãs! Doido, né?! Depois, tem a parte de fazer tudo isso dentro de um cronograma, que é super apertado, e sim: temos uma verba definida. Ou seja: temos que fazer tudo dentro do tempo e do orçamento.
12. Quais foram os principais desafios enfrentados durante a produção dos videoclipes?
Conseguir fazer a agenda de todo mundo bater, nos lugares e com a ajuda da previsão do tempo, ufa! Só isso, já é uma tarefa ultra difícil.
13. Pode compartilhar alguns detalhes sobre as locações e a escolha dos cenários?
Para o artista que vive na estrada, qualquer lugar é lugar. O problema é a estética e logística de todo o resto, milhares de dólares em equipamentos de cinema e uma equipe gigante, que são profissionais que também têm agenda cheia. Por isso, São Paulo acaba sendo um dos lugares preferidos, mas como moro em Sorocaba, sei que no interior temos ótimas opções de cenários. Pra sair de Sampa e vir pra cá é fácil e ajuda muuuuito na logística, já que fugir do trânsito facilita a vida de todo mundo. Por isso, gravamos em Sorocaba e em Araçoiaba da Serra.
14. Houve alguma história interessante ou divertida dos bastidores que pode ser compartilhada?
Tem várias! Mas vou contar uma que me marcou… O Luan estava no camarim jantando (era algo tipo frango, arroz integral e salada) e, quando ele sentiu o cheiro da comida da equipe e saiu correndo pra ver o que era. Ao ver que era vaca atolada, ele gritou: “Ô gente, cês mi dão filé de frango e tem vaca atolada sô! rsrsrsrs”. Na hora, pegou um prato e entrou no fim da fila pra comer com todo mundo.
Beijos do Alequito (como o Luan me chama!)